Farrucos Centro Flamenco e Grupo Farrucos de música Flamenca

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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

CINE PASIÓN - segundas sextas-feiras de cada mês no "Café & Cognac" - Rio Vermelho



O Cine-Pasión

O projeto “Cine-Pasión” é uma proposta para levar ao público em geral e o público específico de amantes e alunos de flamenco, filmes de espetáculos, filmes-cursos, amostras de exposições e romances flamencos.

Criado pela bailaora "Denise Tenorio" no Rio de Janeiro há mais de um ano com este mesmo nome, obteve resultados muito positivos no que tange a dar ao público interessado acesso à arte Flamenca.

Maiores informações sobre o projeto no Rio de Janeiro podem ser obtidas pela comunidade "Cine Pasión", (http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=44060169 ).

Como exemplo, a trilogia de Carlos Saura – ‘Carmen’, ‘Amor Brujo’ e ‘Bodas de Sangre’ – seguidas de seus mais recentes filmes – ‘Salomé’, Sevillanas’, ‘Flamenco’. De Sara Baras, contamos com espetáculos consagrados mundialmente como ‘Mariana Pineda’ e ‘Sabores’.

O Cine Pasión conta com três momentos:

Inicialmente, fazemos uma pequena palestra apresentando o flamenco e o filme que será exibido. O segundo momento é o do filme e, por fim, acontece uma mesa redonda com as pessoas presentes para debates, dúvidas, interações.

Foi por meio de propostas como o Cine-Pasión que se tornou possível o crescimento do flamenco em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo (hoje, o terceiro pólo mundial de flamenco ficando atrás tão somente de Tóquio e Madrid).

A Farrucos Centro Flamenco

Essa é justamente a proposta da "Farrucos Centro Flamenco" que pretende trazer ao público o conhecimento da cultura flamenca e investir no desenvolvimento de tal arte em nossa cidade. Com projetos como espetáculos mensais, a Farrucos já trouxe para Salvador, figuras consagradas nacionalmente, guitarristas e cantaores além de duas bailaoras espanholas (Nuria Leiva e Ana Latorre) que estiveram em Salvador no mês de agosto. Foram duois bailaores e um guitarrista de São Paulo, um bailaor e uma cantaora do Rio de Janeiro, duas bailaoras de Córdoba, além de seis músicos e 1 bailaora de Salvador.

Em Setembro, a Farrucos promoveu o encontro em cena de todas as escolas de flamenco de Salvador em um encontro único na história do flamenco em nossa cidade. Estiveram presentes no evento, realizado no último dia 20 no Teatro do IRDEB, 20 dançarinos, cinco guitarristas, dois percussionistas, três cantores, além dos cariocas Thiago Vasquez (guitarra) e Ana Bayer (voz) – artistas nacionalmente conhecidos.

O Cine Pasión acontecerá no Café & Cognac (Rua Fonte do Boi, nr 05 – Rio Vermelho) todas as segundas sextas-feiras de cada mês, tendo início no dia 10 de outubro com o filme “Carmen” de Carlos Saura.

Público alvo:

* Interessados em geral – devido ao notório crescimento do interesse pela cultura flamenca em nossa cidade;

*Alunos de flamenco (iniciantes, intermédios e avançados) – as aulas teóricas de flamenco são parte imprescindível ao estudo dessa arte e ponto de enorme carência em nossa cidade;

*Músicos em geral – a importância da técnica flamenca para o violão (principalmente) é conhecida de todos os estudantes de música.

*Músicos flamencos – que em Salvador somam um total de 12 (em atividade) e um número de interessados e estudantes que não para de crescer;

Ingressos: R$ 5,00 por pessoa

Horário: a partir das 20hs

domingo, 28 de setembro de 2008

ESTUDOS PARA UMA BAILAORA ANDALUZA - João Cabral de Melo Neto

Dir-se-ia, quando aparece
dançando por siguiriyas,
que com a imagem do fogo
inteira se identifica.

Todos os gestos do fogo
que então possui dir-se-ia:
gestos das folhas do fogo,
de seu cabelo, sua língua;
gestos do corpo do fogo,
de sua carne em agonia,
carne de fogo, só nervos,
carne toda em carne viva.

Então, o caráter do fogo
nela também se adivinha:
mesmo gosto dos extremos,
de natureza faminta,
gosto de chegar ao fim
do que dele se aproxima,
gosto de chegar-se ao fim,
de atingir a própria cinza.

Porém a imagem do fogo
é num ponto desmentida:
que o fogo não é capaz
como ela é, nas siguiriyas,
de arrancar-se de si mesmo
numa primeira faísca,
nessa que, quando ela quer,
vem e acende-a fibra a fibra,
que somente ela é capaz
de acender-se estando fria,
de incendiar-se com nada,
de incendiar-se sozinha.

Subida ao dorso da dança
(vai carregada ou a carrega?)
é impossível se dizer
se é a cavaleira ou a égua.

Ela tem na sua dança
toda a energia retesa
e todo o nervo de quando
algum cavalo se encrespa.

Isto é: tanto a tensão
de quem vai montado em sela,
de quem monta um animal
e só a custo o debela,
como a tensão do animal
dominado sob a rédea,
que ressente ser mandado
e obedecendo protesta.

Então, como declarar
se ela é égua ou cavaleira:
há uma tal conformidade
entre o que é animal e é ela,
entre a parte que domina
e a parte que se rebela,
entre o que nela cavalga
e o que é cavalgado nela,
que o melhor será dizer
de ambas, cavaleira e égua,
que são de uma mesma coisa
e que um só nervo as inerva,
e que é impossível traçar
nenhuma linha fronteira
entre ela e a montaria:
ela é a égua e a cavaleira.

Quando está taconeando
a cabeça, atenta, inclina,
como se buscasse ouvir
alguma voz indistinta.

Há nessa atenção curvada
muito de telegrafista,
atento para não perder
a mensagem transmitida.

Mas o que faz duvidar
possa ser telegrafia
aquelas respostas que
suas pernas pronunciam
é que a mensagem de quem
lá do outro lado da linha
ela responde tão séria
nos passa despercebida.

Mas depois já não há dúvida:
é mesmo telegrafia:
mesmo que não se perceba
a mensagem recebida,
se vem de um ponto no fundo
do tablado ou de sua vida,
se a linguagem do diálogo
é em código ou ostensiva,
já não cabe duvidar:
deve ser telegrafia:
basta escutar a dicção
tão morse e tão desflorida,
linear, numa só corda,
em ponto e traço, concisa,
a dicção em preto e branco

Ela não pisa na terra
como quem a propicia
para que lhe seja leve
quando se enterre, num dia.

Ela a trata com a dura
e muscular energia
do camponês que cavando
sabe que a terra amacia.

Do camponês de quem tem
sotaque andaluz caipira
e o tornozelo robusto
que mais se planta que pisa.

Assim, em vez dessa ave
assexuada e mofina,
coisa a que parece sempre
aspirar a bailarina,
esta se quer uma árvore
firme na terra, nativa,
que não quer negar a terra
nem, como ave, fugi-la.

Árvore que estima a terra
de que se sabe família
e por isso trata a terra
com tanta dureza íntima.

Mais: que ao se saber da terra
não só na terra se afinca
pelos troncos dessas pernas
fortes, terrenas, maciças,
mas se orgulha de ser terra
e dela se reafirma,
batendo-a enquanto dança,
para vencer quem duvida.

Sua dança sempre acaba
igual como começa,
tal esses livros de iguais
coberta e contra-coberta:
com a mesma posição
como que talhada em pedra:
um momento está estátua,
desafiante, à espera.

Mas se essas duas estátuas
mesma atitude observam,
aquilo que desafiam
parece coisas diversas.

A primeira das estátuas
que ela é, quando começa,
parece desafiar
alguma presença interna
que no fundo dela própria,
fluindo, informe e sem regra,
por sua vez a desafia
a ver quem é que a modela.

Enquanto a estátua final,
por igual que ela pareça,
que ela é, quando um estilo
já impôs à íntima presa,
parece mais desafio
a quem está na assistência,
como para indagar quem
a mesma façanha tenta.

O livro de sua dança
capas iguais o encerram:
com a figura desafiante
de suas estátuas acesas.

Na sua dança se assiste
como ao processo da espiga:
verde, envolvida de palha;
madura, quase despida.

Parece que sua dança
ao ser dançada, à medida
que avança, a vai despojando
da folhagem que a vestia.

Não só da vegetação
de que ela dança vestida
(saias folhudas e crespas
do que no Brasil é chita)
mas também dessa outra flora
a que seus braços dão vida,
densa floresta de gestos
a que dão vida a agonia.

Na verdade, embora tudo
aquilo que ela leva em cima,
embora, de fato, sempre,
continui nela a vesti-la,
parece que vai perdendo
a opacidade que tinha
e, como a palha que seca,
vai aos poucos entreabrindo-a.

Ou então é que essa folhagem
vai ficando impercebida:
porque terminada a dança
embora a roupa persista,
a imagem que a memória
conservará em sua vista
é a espiga, nua e espigada,
rompente e esbelta, em espiga.

A chama viva do flamenco - Rainer Maria Rilke

DANÇARINA ESPANHOLA

Como um fósforo a arder antes que cresça a flama,
distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.

E logo ela é só flama, inteiramente.

Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.

Então como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.

Enviado por Daniele e repassado por Roberta Campos em 28/09/2008

Um olhar atento da platéia - Por Cristiana Lopes

Se ARTE tem alguma origem do latim e parece indicar uma certa HABILIDADE, a dança flamenca representa essa habilidade com os pés e com as mãos de maneira fantástica. O som da guitarra, do cajón e do cante flamenco parecem te deixar em suspenso e pronto a aplaudir logo depois dos primeiros segundos que o primeiro acorde se põe no ar.
Se a arte em si se presta a um estímulo das emoções, a dança flamenca parece atingir bem esse objetivo, tornando-se impossível, de certa forma, não se envolver, se não com o corpo em movimento, ao menos com o ouvido e os olhos bem atentos. Apaixonante, tanto quanto o são todas as manifestações culturais ou folclóricas.
Parece que isso é o que o “ESPETÁCULO FARRUCOS” representa: um misto de expressão cultural, persistência, já que não é fácil manter viva uma chama, e paixão pela arte flamenca, que para os politicamente incorretos, poderia ser adjetivada de invejável. A desenvoltura com que as bailaoras expressam essa paixão no palco, eis que parecem dançar na sala de casa, representa o quanto dessa paixão as envolvem. É interessante como há uma certa cumplicidade quando se põem a dançar juntas, como se todas com os mesmos objetivos, como se todas com as mesmas raízes, como se todas com a mesma alegria. E sim, a platéia fica na expectativa de ao findar um baile, ouvir um grito de “olé” como se pronta a subir ao palco para se juntar a grande festa flamenca ou a “Juerga”, se preferirem.
Há uma certa informalidade, é bem verdade, mas parece que a própria informalidade faz parte do show deixando-o mais convidativo. Ainda não arriscaria um balanço nos braços e nem um barulho nos sapatos em público (é a única coisa que eu consigo fazer no momento), mas se o ESPETÁCULO FARRUCOS tem o objetivo de tornar nítida essa paixão pela arte flamenca, confesso, já me rendi ao primeiro passo.
Recebido pela Farrucos Centro Flamenco no dia 28/09/2008.
Obrigada de coração....isso é muito importante para todos nós...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

VIERNES DE JUERGA NO LARGO DE SANTANA NO RIO VERMELHO


A Farrucos Centro Flamenco está promovendo o encontro de todos os Flamencos de Salvador. A proposta é um encontro semanal no Largo de Santana no Rio Vermelho, local de nascimento artísticos tradicional da cidade.

Pretendemos trocar idéias, projetos, conhecimentos, tirar dúvidas e principalmente tocar, cantar, palmear, bailar e se divertir muito.

O encontro conta com a presença de músicos flamencos, cantaoras e bailaoras e é aberto a todos aqueles que fazem parte ou admiram o flamenco. Leve sua guitarra e suas letras, seu cajón ou simplesmente vá palmear ou aplaudir.

Passe por lá e confira...onde tiver muita música e barulho...é onde estamos.
CENTRO FLAMENCO FARRUCOS FAZ APRESENTAÇÃO NO TEATRO IRDEB, SÁBADO - POR MARCIA RODRIGUES (Publicada no Bahia Já em 19/09/08)

O Centro Flamenco Farrucos apresenta neste sábado (20), às 20h, no Teatro do Irdeb, o espetáculo "Farrucos e Convidados". O evento reunirá os bailaores (dançarinos) dos principais grupos de flamenco da Bahia: Flamencantes, Maresmeralda, Companhia Flamenca Szely de Núñez, Centro de Flamenco da Bahia e Farrucos, além das bailarinas Roberta Campos e Laura Pacheco.

O espetáculo contará ainda com as participações dos músicos cariocas Ana Bayer e Thiago Vasquez. O ingresso custa R$ 30 (inteira) e o teatro oferece estacionamento privativo. A direção é da bailarina Presentación Gonzalez, que destaca o vigor e a grande expressão cultural da dança flamenca.

O Grupo Farrucos procura o estudo e a divulgação da arte flamenca, um dos principais ícones da cultura espanhola. Além dos espetáculos, o grupo oferece cursos de técnicas de canto flamenco e de guitarra flamenca.

Presentación lembra que o flamenco remota às culturas moura e judia e que, inicialmente era apenas um movimento musical. "Aos poucos, a música passou a ser acompanhada de guitarra, palmas, sapateado e dança", explica, lembrando que em meados do século passado essa manifestação popular ganhou novos acompanhamentos, a exemplo do cájon e de instrumentos como flauta, saxofone e violino.

Disponivel em http://www.bahiaja.com.br/noticia.php?idNoticia=10679